sábado, 5 de fevereiro de 2011

tubo

vague-me simples palavra
catada no espaço dentre dezenas
de atos, cardápios,
concretos e abstratos.

vaguem-me lembranças do tempo
Faça-me obra, Faça-me livre.

Vaguem-me todas as dores pátrias
os olhares retos
e os difusos.

Certezas, dúvidas e loucuras,
vazem-me
partam-me em todo coerente.

compositor,
da vida fabricante
do espelho próprio.

em cheiros, tons e ritmos..
em melodias em desatinos

em rebaixado corpo flexível,
todo em corpo, todo em risos


Partam-me energias sinceras do mundo
partam-me inteiro.
em cabelo, em tornozelo
dedos, pele, osso e palavras.




de lado cai o corpo..
e profundo é o seu cair.
atravessa tapumes no ar negro,
são películas frágeis
das camadas de tudo

E mergulha nisso que não sabe...
vai, vai... vai até o fundo

projéteis,
serão árvores?
lhe transfiguram a forma,

sementes que lhe adentram as entranhas,
em velocidade estonteante,
sequer abre-lhe ferida...

É osmose simples,

pássaros compondo-lhe os ante-braços,
pode?
Enquanto seus frágeis peitos,
de leve coração pulsante,
co-habitam-lhe coxa e bícepis,
suas asas vazam pela pele de menino,

são três ou quatro pombos limpos..
e o corpo quase voa.
Quase escolhe-se os destinos.

carícias com as pontas do joelho,
face e rosto, e corpo, e vento,
tremendo sonho vivido.

o ar negro vaza ao último infinito,
dimensões abertas,
o tubo se desfaz.
A luz explode
como bomba de vida.

não há chão,
só há chão.

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