domingo, 27 de março de 2011

esboço em sorriso

 ( à 8 de março)

mulheres não penduram,
como homens...

Homens penduram...
acumulam-se gravitacionalmente.

Quando viram-se os olhos,
veja longe!
lá se vem a atenção.

Quando sentam-se os órgãos demora alguns segundos a inspiração.

Mulheres não!

Mulheres não penduram,
ocupam-se e se movem
sorrateiras
perfeitas esgrimas finas

incontidas na Vastidão.

E devassidão em vassidão,
caminham planetas
caminham glórias reprimidas

em sorrisos resistentes..

mulheres são.

Abruptas estandartes da vida,
onde hacalma silenciosa em meio à devastação?

Crentes de alguma coisa me esquecida
caminham dedos nas faces do futuro,
estes seres que me carregam um segredo.

De esboço em sorriso
flagrar-me oxalá um Mundo.

terça-feira, 15 de março de 2011

marcando o passo


ontem eu me matei
de novo.

Ferro serpente esguiando-me os órgãos do corpo.
Um Dentro que langorosamente penetrava-me
e ardia-me, e curava-me.

Ontem suicidei mais uma vez.

Ajoelhei às noz'es da terra,
vozes crocantes explodindo melindrosas melaninas!
Adriana'linas! sinas!
finos sinos!

aguda profusão de luz
radiada a buscar Exato
'num sei quê'.


Hoje eu já não estou aqui, só.
sai por ali e nunca mais voltei.

porque fui prali pra dentro
de onde jamais estive, fora.

Não voltei nem voltarei.
porque nunca parti

mas Uni, o sim e o não.

Não volto porque não parto...
farejo-me Inteiramente
no futuro e no passado.

- Sagrado.

Nem saio porque nem cheguei!
sou somente este pequeno passo
num mesmo lugar

de amanhã.

sexta-feira, 4 de março de 2011

dionisíaco - um penúltimo dia.

(em agradecimento ao Teatro Oficina)

se Dionísio é luz que esconde
na planície clara da luz onipresente
radiante em feixes tortos que se enlaçam
enroscam pois se reconhecem...

então Entrar é a melhor forma de sair..
e sair, a melhor forma de estar.

Os espíritos andam fugidios
das esperanças mórbidas.
Sonhos que já nascem mal sonhados
pois decapitam-se as pernas.

que sustentam.

Oh, a perna que levanta!
e que escorre-se de caldos,
doces sulcos de nossos sais!
compostos em amor e luz!

Se dionísio cheira a luz que me drena,
então já não sou nada.
E quão maravilhosa é a inexistência do poema...

me sentir pedra voando em direção exata.
Aonde minha mão me lançar,
Aonde tua mão nos puxar...

e cairemos nesse mundo,
Nós assim, de boca.
O romance nunca morre!
é como a deusa Primavera


invencível aos olhos dos mortais,

mas vazia como o carro verde do palhaço.
E cheia de si, em risos e sapatos largos,
nos aceita e nos carrega
aos meridionais confins dos céus da terrA!

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para o bem da vida,
matemos a morte.
sim, pela poesia...
assassinemos o poeta.