domingo, 27 de fevereiro de 2011

perto da poesia

ah meu bem.
Está tocando clube da esquina!
já sinto como que por magia
o cheiro da chuva

mineira,
e a claridade vaga de nosso quarto.

Tenho nas mãos a alegria
acesa,
e a trago demoradamente
nos plenos pulmões Da
juventude que me habita.

Quão saborosa é essa lembrança,
tal certeza de que a vida
vale a pena de te amar.

Te despir-me.
te despedir-me.
para sempre...

Te aguardar
noutras carnes
me enlaçar
num reflexo de ti,

a criança que eu vi
este homem que eu sonho
vegetal que eu me lembro
mineral que te compõe,
estes sonhos que te calam
estas fugas que te salvam
Nesses peixes que tu pesca!

?Quê do mundo
há de poesia?

Ah!
saudade já morta,
Que apresço!

Quem me ensinou
a ser de mentira
me esqueço.

Mas vive e pula
nadando em minhas letras
, invisíveis,
as meninas e meninos que conheço.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

poema da caverna

(ou 'Passo')
(aos enigmas d u mond)

Poemas escorrem aos olhos da cidade,
escuro gotejar ritmado e vazio.

Poemas se escondem nas roupas da tarde
e se mordem nos cantos, os cantos do rio.

Se o quê do sentido
, pó de ser decifrado,
dança nas cabeças de quem pisa;
navega então nas formas da beleza
- o que do peito nasce aos ouvidos -
Aquilo que em meio às ondas do mar
delineia a margem dos oscílos.


O poema se fragmenta...
dentre os vários relatos do giro.

Mas os poetas
, bestas de caçar essências,  (armados com suas cascas)
teimam em vir amarrando os fios..

A Poesia grita do fundo!
- estou aqui!
- tenho tanta sede!

Já o poeta, este sujeito mu do,
segue avançando
apalpando paredes

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

psicografia de uma lógica

Eu não morri,
jogado pelos cantos.

Morri de tiro,
na mira dos gambé.

Eu não morri
vazio ou esvaziando,
fui arredio,
morri atento.

Morri arfando,
com o peito em chamas, brasa...
Eu morri vivo!
Eu morri vendo.

Morri sentindo,
o corpo, veia vaza
Morri curtindo
morri sofrendo.

Mas não morri
pelos cantos, dos tempos,
ausente e constante.
Eu não morri
de espera.

Eu não morri
pelo açoite,
cabisbaixo,
de dia ou de noite,
Eu não morri sem lutar.

Eu não morri
de cansa
de mansa
barriga esperança.
Não estendi a mão,

Eu não pedi
o vento, o fogo
amor orgânico que sustenta,
pedir num peço não.

Não enguli desprezo,
Eu não morri sem lutar
pedir não peço não,
O que era meu fui tomar!

Mas eu morri,
novo sim.
Sei que errado estou.

Morri mas não queria,
sim, novo!
E quem amou quem amou?!


Mas errado eu não estive,
porque antes deu morrer,
eu matei

o filha da puta

Quem me matou...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

boa noite

Não é somente seu pênis
dentro de minha vagina.
São esses quadris golpeando-se
em tapas explanados dessa genitália
em mútua busca de sentido.

É esse preenchimento em til da superfície
consagrado na profundidade do toque
- agudo.

Como quem quer adentrar-me o ventre,
alcançar-me as entranhas,
perfurar-me em flecha o coração;
Envenanando-me o sangue
nesse branco gozo em paz.

Ar!
E passear-me à boca,
exercitando-me as cordas vocais
E conversar-me a alma,
me ocupando inteira,
acabando com essa estória

de homem ou mulher.

(...)

É.
a noite cai
e nos requeremos crianças,
embaladas num mundo
de verdade.


E veja só!
,o poema termina,
e já conseguimos,
nós já com seguimos
amor.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

tubo

vague-me simples palavra
catada no espaço dentre dezenas
de atos, cardápios,
concretos e abstratos.

vaguem-me lembranças do tempo
Faça-me obra, Faça-me livre.

Vaguem-me todas as dores pátrias
os olhares retos
e os difusos.

Certezas, dúvidas e loucuras,
vazem-me
partam-me em todo coerente.

compositor,
da vida fabricante
do espelho próprio.

em cheiros, tons e ritmos..
em melodias em desatinos

em rebaixado corpo flexível,
todo em corpo, todo em risos


Partam-me energias sinceras do mundo
partam-me inteiro.
em cabelo, em tornozelo
dedos, pele, osso e palavras.




de lado cai o corpo..
e profundo é o seu cair.
atravessa tapumes no ar negro,
são películas frágeis
das camadas de tudo

E mergulha nisso que não sabe...
vai, vai... vai até o fundo

projéteis,
serão árvores?
lhe transfiguram a forma,

sementes que lhe adentram as entranhas,
em velocidade estonteante,
sequer abre-lhe ferida...

É osmose simples,

pássaros compondo-lhe os ante-braços,
pode?
Enquanto seus frágeis peitos,
de leve coração pulsante,
co-habitam-lhe coxa e bícepis,
suas asas vazam pela pele de menino,

são três ou quatro pombos limpos..
e o corpo quase voa.
Quase escolhe-se os destinos.

carícias com as pontas do joelho,
face e rosto, e corpo, e vento,
tremendo sonho vivido.

o ar negro vaza ao último infinito,
dimensões abertas,
o tubo se desfaz.
A luz explode
como bomba de vida.

não há chão,
só há chão.