sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Sim

Sim,
nós estamos felizes.

Estamos agradecidos por vivermos aqui
... viemos de longe
e é saboroso o apontamento em nosso fígado
nos dizendo onde chegar.

ensinando a nunca parar
de esvaziar os sentidos,
criando-nus nossa raça,
mulheres-pedra-serpentina
a moralidade da pedra
em sujeitos móveis,
a tranquilidade d'água em fluir.

Sim,
é saboroso ver os enganos tão evidentes
a todos escancaram-se as portas do Sol
E alguns são estuprados por Sol
ainda assassinados pelo Sol
e outros abandonados

Mas o Sol não deixa de falar
na linguagem de aquecer e esfriar
onde está o seu caminho.

E é tão claro seu idioma
que só o enxergam os mais vazios
com os olhos da face arrancados
as crianças
pingam nas poças da chuva,
esparramam se fazendo aurora
boreal.

Sim,
o mal agora é tão somente ignorância
de um princípio, um meio e um final.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

engatinhando


um poema como um gole d'água
quisera..
navegar a película do líquido mátrio
visitar suas vicissitudes
mergulhar em gota-a-gota
                         sua concha
incolor fragrância do segundo

como um beijo de mulher
de lábios macios arrastados
      no tempo
como se vivesse além das horas
caso se ocupasse espaço
voando ao vento...

Ora,
das cores nos restou a cólera!
e o coração a preparar a guerra
E todo diminuto completo se esvai?
pela barra dos dedos
a areia mole
pinga em nosso peito
desenhando tecidos iguais
a nos escorrer costelas.

Dessa carne vermelha tingiram-se nódulos,
cancerígeno projeto das metrópoles
                                        e as cópulas,
apressadas
reproduzem os filhos d'Acrópole enganada
de centro.

Meio de sim,
meio de nada

a poesia rebola
entre morte e vida severina;
proponhamos amor e paz?
ou o suicídio apocalíptico?

O poeta empunha a caneta,
na ansiosa busca por beleza
                                           mas
Punheta!
pois seu ócio ofusca um gatilho.

sábado, 13 de agosto de 2011