terça-feira, 31 de maio de 2011

Consumação



Nosso plano é destruir o amor!
queremos sua morte mais completa.
Ramas valentes equívocas boiando em despedida triunfal!

Queremos o amor partido em frangalhos desarmonizados.
O amor comedido desprotegido e desajuizado

calado!

colado à flor da pele únua...

Queremos noites de segredos voantes em destreza rumo à lua!
em oferendas comunitárias o coral da gente e a cigarra
esfumaçada na fogueira do sonho medieval.

Que nossos corpos cantam rubras asas em perfil!
queremos os olhares desmedidos, inimpossibilitados

radiante centelha.

queremos perdurar além da noite cega..
Sim, o permanente brilho nesse mundo anil
vocifera nosso sonho sonilundo des-
cansando à beira-tarde Abril.


e tse toca no que vive
meu amor ligeiro é livre

Pra seguir te amando eternidade!
se apaixonando a cada instante no que arde...
bem dizendo a avulsa e plena fidelidade

Dizes-me adeus?! Sou ateu!

meu amor derrama pela terra
não contenho tua beleza em meu peito,
- nem me peça!

Que um canto assim guardado de mal jeito
funde acordes dissonantes em espera.

terça-feira, 10 de maio de 2011

mão

(drummondiando)

Nos seixos enrugados da cratera

algo como gigantes mãos
- marrons...
escalavam o mineral.

Algo como uma leve névoa
a levitar-se ao vento
ao transportar-se em tempo.

Sujos dedos sem rosto!
persistente bicho escarnecido.

(ou nuvem, ou viagem, ou vegetação)

Quando fundo corpo em questão...
morre-se com o mundo.
e re-aflora-se noutra linguagem
ou dimensão.

Somente o próprio vazio
pode nus trazer de volta.

e o amor de ser pelo mundo
é o amor do mundo por ser.


Estou de pé na medida em que amo
alguma coisa..
flora de mim.

Que mão tem a ver comigo,
e por isso...
vem se ver comigo
o castigo
correto
em voltar
de frente.


mãos entrelaçadas (portinari)