Para quê trabalhos viscosos
sem o teu sorriso a meu lado?
para quê estes gritos medrosos
para quê?
saio à rua desinformado
sem partido na multidão
cada qual num itinerário de ilusão.
Para quê sol, para quê praia?
para quê pés em vãos?
E esta fome por justiça
se a janta nunca me falta,
para quê essa limitada paixão?
Ah não.
Eu estou compondo loucuras!
as pessoas riem de mim pelas ruas
pronde quero navegar..
se o real é tão vazio
e se mesmo a mais sincera doçura
é no fundo tão sómente a chama dum pavio?
Explosão!
O vento nasce do chão e sobe
lavando cabelos, vestidos e cores!
pirulitos ficam jogados
sem uso!
Ah, minha frouxa exclamação!
Quisera salvar-me a humanidade
no risco certeiro dessa pontuação
E onde esteve o teu erro?
não houve erro!
o engano mais dramático
a ausência num mundo volátil
talvez livros demais
talvez excesso de mãos.
Mas não é tempo de choro,
mas de se manter acordado;
há algo que espera algum tipo de volta
(ou revolta)
algo que se conserta
algo que se aperta - como tecla
Algo que não tem perdão.